"Quero acreditar que já não estarias em casa por alturas em que cheguei mas não sei dizer. A verdade é que não te procurei. Mais uma vez. Penso que fiz as coisas do costume, penso hoje quando penso nisso que fiz as coisas do costume, terei deixado o sobretudo ao acaso, abri o frigorífico fechei abri uma outra vez, sem saber bem o que procuro, acontece-me quase sempre. As coisas do costume. Vagueei sem saber bem, o sobretudo caído alguém há-de arrumar, tu tratas disso. Do frigorífico abro fecho abro outra vez, quero pouco, não sei que quero, deixei de beber prometi-te acho que te prometi, não sei que beba."
Este é um excerto da obra A Casa Quieta, da autoria de Rodrigo Guedes de Carvalho, colhido aqui. A partir de 29 do corrente mês, a revista Visão e o Expresso dão-nos a conhecer ou a reler obras de jornalistas que se dedicaram à ficção literária, no nosso país.
A Rodrigo Guedes de Carvalho, sucedem Clara Ferreira Alves, Fernando Dacosta, Inês Pedrosa, Henrique Monteiro e Mário Zambujal.
A Rodrigo Guedes de Carvalho, sucedem Clara Ferreira Alves, Fernando Dacosta, Inês Pedrosa, Henrique Monteiro e Mário Zambujal.
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