quinta-feira, 17 de maio de 2007

Rendado de sensibilidades


Pela chaminé acima e no exterior, o fumo confundia-se com a bruma que ganhava velocidade no seu movimento, enquanto se tornava cada vez mais cerrada, ocultando as coisas parcialmente - primeiramente, revelava-se metade de uma colina e, depois, a outra metade. As árvores transformavam-se em silhuetas, apareciam indistintamente e eram novamente submersas. Pouco a pouco, a neblina tomou o lugar de tudo, objectos concretos passaram a sombras e não restou nada que não parecesse moldado ou inspirado por ela.

[...] Nunca nenhum ser humano tinha visto uma lula gigante adulta viva, e embora ela tivesse olhos do tamanho de maçãs para perscrutar a escuridão do oceano, a sua solidão era tão profunda que podia nunca se cruzar com outro membro da sua família. A melancolia desta situação invadiu Sai.


Um romance de Kiran Desai, a mais jovem escritora a ser galardoada com o Man Booker Prize.

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