A Psicologia Ambiental fala-nos dos espaços que nos acompanham e com os quais nos identificamos. Entre estas referências, destacam-se as casas. São lugares plenos de significado e emoções, companheiros silenciosos da nossa vida.Cerejas de Celulóide fala-nos da relação de dois irmãos com esse espaço quase materno, degradado pelo tempo, do qual devem desprender-se, como forma de iniciarem uma etapa distante.
Contudo, a decisão sobre o futuro da casa comum não se toma de ânimo leve.
2 comentários:
Peguei então no livro cheia de curiosidade e fui-me deixando levar pelo que lia, sentindo imenso prazer na leitura. Pela narrativa passam várias figuras, umas com uma presença casual, outras com uma maior força expressiva e representativa. Mas as personagens centrais são os irmãos Joana e André.
Alegrias e tristezas, prazeres efémeros, desencontros, a morte implacável estão lá, assim como referências à cidade do Porto onde nascera: edifícios, ruas, jardins, lojas, cafés, restaurantes, instituições culturais, teatros, cinemas, clubes, museus dando relevo ao museu de Serralves, à Casa da Música…
No livro toda a narrativa faz apelo aos sentidos; nele há pedaços de escrita visual, saborosa, aromática, sonora, táctil… recordando coisas, locais e costumes que com o tempo, umas foram-se mantendo, outras desaparecendo ou alterando radicalmente, como por exemplo: o jogo do pião, as biqueiras de metal em sapatos para durar, o Tintim, a revista Modas e Bordados, (uma revista muito consultada por mulheres prendadas; o pó de arroz Tokalon para realçar a beleza facial ou esconder pequenos sinais de envelhecimento e os rebuçados de avenca. É recordada a pastelaria Bom Doce de Vila do Conde! Uma casa com história que nos presenteava com deliciosos doces e uns inigualáveis pequenos croquetes de carne com segredo, divulgado a bons clientes, que dava fama a essa iguaria tão comezinha.
O livro é romanceado, ficcionado? É factual?
Seja qual for o género ou a classificação a dar a este livro, ele está para provocar os seus leitores, para não os deixar indiferentes. A leitura deste livro deixa rastos.
E.L.
Obrigada por assim enriquecer esta visão do livro, por dentro, a deixar vontade de saber mais... :)
Feliz Ano Novo, E.L.!
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