terça-feira, 4 de março de 2008

Médico e escritor

Adolfo Correia Rocha, médico de profissão, escreveu penalizado: “Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era”(http://www.asa.pt).
Sobre Fernando Pessoa, assim falava Miguel Torga, nos seus escritos que iam tomando forma nos Diários.
A sua obra compreende a prosa e a poesia, bem como o texto dramático e fez dele o primeiro escritor de língua portuguesa a ser galardoado com o Prémio Camões.
Um dos seus poemas mais ternos fala de um segredo e do amor pela Natureza:

SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Miguel Torga, in Diário VIII

O jornalista João Céu e Silva lança agora o livro Uma Longa Viagem com Miguel Torga, resultante de contactos e entrevistas a pessoas que privaram de perto com o escritor e que falaram das suas vivências, da sua personalidade e escrita, nomeadamente os Diários.


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